A TV Globo foi criticada por transmitir apenas para São Paulo a classificação do Santos para a final do Mundial de Clubes. No horário da semifinal, na última quarta-feira, o telespectador do restante do Brasil ficou com o programa da Ana Maria Braga.
Em todo o país, neste domingo, se não sentiu falta da parceira do Louro José, o torcedor santista que assistiu à derrota para o Barcelona podia ter reclamado do desfalque de Galvão Bueno.
No lugar do narrador ufanista, a Globo escalou Cléber Machado. Santista --apesar de não assumir nos dias de hoje--, ele mostrou que a manhã era de um torcedor, desde o início da transmissão.
Em sua primeira troca de passes com os comentaristas, ouviu de Casagrande: "O ano todo temos de ser imparciais. Hoje, não. Hoje eu vou torcer".
Cléber Machado ainda tentou: "Torcer para quem, Casão?". E o comentarista apenas ratificou: "Torcer para o Santos".
Os dois ainda tinham a companhia de Caio Ribeiro e do repórter Abel Neto. Quando o jogo começou, ao menos para o Barcelona, faltou Galvão Bueno.
O domínio do time espanhol em campo, a já famosa posse de bola catalã em mais de 70% do tempo de jogo e o gol de Messi logo aos 17min, transformaram a transmissão em um lamento só.
"Não está tendo adversário", dizia Casagrande. "É impressionante, o Santos não fica com a bola. Com espaço assim, então, um dia inteiro eles ficam passando a bola um pro outro", emendava Cléber. "Durval precisa entrar no jogo", tentava explicar Caio.
E o primeiro tempo ainda não havia acabado.
Cadê o "Santos é Brasil no Japão?". Onde estava o ufanismo? Chamem o Galvão, e ele chama o show do intervalo com o Olodum. Não, no intervalo a repórter, diretamente da Vila Belmiro, tentou mostrar algum ânimo, mas na arquibancada do estádio santista a imagem já era de choro. Estava 3 a 0 já.
O jogo do ano se transformou na partida de um time só, sem emoção suficiente para o "haja coração".
Nem mesmo reclamar da arbitragem era possível. "O jogo é tão fácil, tão fácil que a função do árbitro é se esconder", sentenciou o comentarista Arnaldo César Coelho.
No segundo tempo, Cléber ainda tentou fazer o que Casagrande queria ter feito: torcer. Entre um "faz o gol, Borges" e outro "Ele [Valdés] não é um supergoleiro", sobraram elogios a Messi, Xavi, Iniesta e os campeões mundiais do Barcelona.
"Se me permitem a repetição, é isso aí...", concluiu o narrador ao decretar o começo dos últimos 15 minutos de um jogo que ele mesmo já havia encerrado no primeiro tempo. Sem criticar, sem lamentar, restou a Cléber Machado confortar o torcedor santista até o apito final.
Fonte: Marcel Merguizo - Folha
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O dia que a Globo contratar profissionais imparciais em qualquer área do jornalismo, vai ser o dia que eu vou ganhar na mega-sena! "Nunca serão", já dizia o Tio Nascimento.
Um comentário:
Luizinvascaino,
Se lembra antes do Carioca deste ano quando a Globo transmitiu um amistoso do clube da beira do esgoto só por causa da estréia do dentuço batedor de punheta?
Respondendo sua pergunta: sim, aconteceria! Ô se aconteceria!
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