Como você se sentiria ao ver sua paixão maltratada, explorada, ridicularizada, manipulada? Como você se sentiria ao perceber que aquilo que te empolga por sua essência vira apenas um instrumento imoral de enriquecimento nas mãos de gente como Joseph Blatter?
O presidente da Fifa já devia ter deixado o cargo faz tempo. Mas enquanto se agarra a ele, continua fazendo questão de enojar o mundo com seus comentários infelizes. Em entrevistas a CNN e Al Jazeera, Blatter minimizou a presença do racismo no futebol, negando sua existência e chegando ao cúmulo de afirmar que eventuais ofensas dentro de campo devem ficar para trás com um aperto de mão no fim do jogo.
Enquanto isso, a federação inglesa indiciava Luis Suárez, suspeito de dirigir ofensas racistas a Evra, do Manchester United. E a acusação de Anton Ferdinand a John Terry, capitão do English Team, virou caso de polícia. Em outros países, bananas são jogadas em campo, torcidas imitam macacos - e o mundo do futebol faz de conta que se importa.
Para Blatter, um aperto de mão tem de apagar a mais vil das ofensas, aquela que ataca uma condição intrínseca do ser humano. Para piorar a situação, ao tentar se defender em um comunicado no site da Fifa, publicou sua foto ao lado de um negro. O refúgio dos canalhas que negam ser racistas. A versão visual do "como posso ser racista se tenho amigos negros"?
A mesma entidade cujo presidente tolera o racismo tentou, na última semana, impedir que a Inglaterra usasse a flor (poppy) que relembra os mortos de guerra. Para a Fifa, se encaixava na categoria de símbolos "religiosos, comerciais ou políticos" que são proibidos nos uniformes de seleções. Só com a intervenção de gente grande, como o Príncipe William, que a permissão foi concedida. Ainda assim, só nas tarjas negras de luto no braço.
O futebol não pertence a nós. Pertence a essa gente. Que controla o futebol como uma máfia, apagando sem dó aqueles que ousam cruzar seu caminho. Mohammed Bin Hamamm foi banido do futebol por se erguer contra Blatter. O ex-presidente da Confederação Asiática de Futebol tentou comprar votos para derrubar o suíço na última eleição.
Ora, só uma pessoa pode comprar votos na Fifa sem ser incomodada. E a aclamação de Blatter pelos presidentes de confederações que vivem de suas esmolas foi mais uma cena constrangedora entre tantas. Leia "Jogo Sujo", de Andrew Jennings, e entenda melhor como a Fifa é construída em cima destes pequenos favores, de um tráfico de influências da pior espécie.
Tirar Blatter seria o primeiro passo, mas não é só por causa dele que a Fifa está podre. É o mundinho dos Havelanges, Teixeiras, Valckes e afins. Bandidos. Daqueles que enriquecem em cima dos clubes que pagam altos salários a seus jogadores, e dos governos que dizem amém e gastam milhões em estádios.
A Fifa é um fracasso. O futebol precisa urgentemente começar de novo, livre do perene desprezo de quem hoje o tem nas mãos. Precisa que gente mais interessada pelo bem do jogo tome a frente. Que os dirigentes de boa intenção (existem?) tenham a força e coragem necessárias para bater de frente, fazendo menos concessões.
Da última manifestação, ou melhor, do último vômito verbal de Blatter, o positivo é a repercussão firme da opinião pública. Dos poucos corajosos do mundo do futebol, como Rio Ferdinand, que confrontou o dirigente no Twitter.
A pressão pela renúncia de Blatter tem de ser firme e constante. Tirem o futebol das mãos dele. E da Fifa.
O presidente da Fifa já devia ter deixado o cargo faz tempo. Mas enquanto se agarra a ele, continua fazendo questão de enojar o mundo com seus comentários infelizes. Em entrevistas a CNN e Al Jazeera, Blatter minimizou a presença do racismo no futebol, negando sua existência e chegando ao cúmulo de afirmar que eventuais ofensas dentro de campo devem ficar para trás com um aperto de mão no fim do jogo.
Enquanto isso, a federação inglesa indiciava Luis Suárez, suspeito de dirigir ofensas racistas a Evra, do Manchester United. E a acusação de Anton Ferdinand a John Terry, capitão do English Team, virou caso de polícia. Em outros países, bananas são jogadas em campo, torcidas imitam macacos - e o mundo do futebol faz de conta que se importa.
Para Blatter, um aperto de mão tem de apagar a mais vil das ofensas, aquela que ataca uma condição intrínseca do ser humano. Para piorar a situação, ao tentar se defender em um comunicado no site da Fifa, publicou sua foto ao lado de um negro. O refúgio dos canalhas que negam ser racistas. A versão visual do "como posso ser racista se tenho amigos negros"?
A mesma entidade cujo presidente tolera o racismo tentou, na última semana, impedir que a Inglaterra usasse a flor (poppy) que relembra os mortos de guerra. Para a Fifa, se encaixava na categoria de símbolos "religiosos, comerciais ou políticos" que são proibidos nos uniformes de seleções. Só com a intervenção de gente grande, como o Príncipe William, que a permissão foi concedida. Ainda assim, só nas tarjas negras de luto no braço.
O futebol não pertence a nós. Pertence a essa gente. Que controla o futebol como uma máfia, apagando sem dó aqueles que ousam cruzar seu caminho. Mohammed Bin Hamamm foi banido do futebol por se erguer contra Blatter. O ex-presidente da Confederação Asiática de Futebol tentou comprar votos para derrubar o suíço na última eleição.
Ora, só uma pessoa pode comprar votos na Fifa sem ser incomodada. E a aclamação de Blatter pelos presidentes de confederações que vivem de suas esmolas foi mais uma cena constrangedora entre tantas. Leia "Jogo Sujo", de Andrew Jennings, e entenda melhor como a Fifa é construída em cima destes pequenos favores, de um tráfico de influências da pior espécie.
Tirar Blatter seria o primeiro passo, mas não é só por causa dele que a Fifa está podre. É o mundinho dos Havelanges, Teixeiras, Valckes e afins. Bandidos. Daqueles que enriquecem em cima dos clubes que pagam altos salários a seus jogadores, e dos governos que dizem amém e gastam milhões em estádios.
A Fifa é um fracasso. O futebol precisa urgentemente começar de novo, livre do perene desprezo de quem hoje o tem nas mãos. Precisa que gente mais interessada pelo bem do jogo tome a frente. Que os dirigentes de boa intenção (existem?) tenham a força e coragem necessárias para bater de frente, fazendo menos concessões.
Da última manifestação, ou melhor, do último vômito verbal de Blatter, o positivo é a repercussão firme da opinião pública. Dos poucos corajosos do mundo do futebol, como Rio Ferdinand, que confrontou o dirigente no Twitter.
A pressão pela renúncia de Blatter tem de ser firme e constante. Tirem o futebol das mãos dele. E da Fifa.
Fonte: ESPN
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